No episódio de hoje, Junior Faria, Carolina Bridi, Raphael Tognini e a psicóloga clínica e esportiva Maria Gabriela Carreiro continuam a conversa sobre saúde mental no surf. Como a psicologia esportiva no surf é assunto que diz respeito a todo surfista, o Surf de Mesa prolongou o bate-papo e aqui está a segunda parte. Se você ainda não ouviu a primeira, corre lá pra acompanhar o assunto desde o começo.

Hoje, a conversa passou pela relação entre drogas e saúde mental no esporte, aceitação da figura do psicólogo no universo esportivo, impacto da pressão sobre o atleta infantil, normalização do sofrimento e os limites do não se sentir bem, e o papel do surf também como instrumento de cura.

Administrar a pressão

Competição, viagem, família, resultados, patrocinador, performance, mídia, treinamentos, demandas pessoais. O surfista de alto rendimento busca administrar todas as pressões de uma maneira saudável, mas em determinado momento o sofrimento psíquico pode se tornar tão grande que é natural buscar uma fuga. Em muitos casos, é o uso de drogas, legais ou ilegais, que surgirá como opção mais próxima. “O Brasil é um dos países que mais usa Rivotril”, alerta Gabi. Há estudos, inclusive, indicando que a droga legalizada mata até mais.

Cada um vai encontrar um escape. Mas quando estou usando uma substância, seja de qual classe for, legal ou ilegal, estou atenuando um sintoma. Vou anestesiar, mas não necessariamente tratar a causa. E enquanto eu não estiver tratando a causa que me leva àquilo, e usando a droga como refúgio, em algum momento isso vai acarretar em mais prejuízo”, explica.

Sejam crises, surtos ou uma ausência que pode durar meses, o sofrimento não tratado pode vir a causar danos psicológicos ou psiquiátricos mais severos, podendo chegar à necessidade de intervenção.

Quando se fala de uma modalidade individual, como é o surf, o recurso de um psicólogo assistindo os processos evolutivos muitas vezes não existe. “Mesmo que o atleta, por si só, faça um acompanhamento com um profissional, ele não estará na presença o tempo todo, não é um acompanhamento integral”, aponta Gabi. Uma viagem para a Indonésia, por exemplo, pode deixar o atleta sem acesso durante uma semana ou mais. Em um contexto considerado perfeito ou em cenários paradisíacos, a banalização de surtos ou crises é ainda maior. “É visto como ´ficar doidão´”, exemplifica.

As drogas e o surf

Independente de qualquer debate delicado que envolva questões legais, morais ou ideológicas sobre as drogas, é impossível deixar o tema de fora em uma conversa sobre a saúde mental no surf.

A maconha, por exemplo, é uma das drogas com uso mais naturalizado na cena. Gabi explica que,  por ser uma droga da classe das perturbadoras, causa modificação de percepção entre tempo e espaço. Apesar da gratificação inicial, que vem com o bem-estar e o relaxamento, a dificuldade de controlar a dosagem de THC pode fazer com que cada experiência cause impacto psíquico em diferentes níveis.

“É complexo falar sobre isso no esporte e na vida como um todo. Cada um tem um posicionamento, mas é certo falar que esta é uma substância da classe das perturbadoras. Muitas pesquisas cruzam dados do surgimento da esquizofrenia com o uso prolongado da maconha. Para cada um, vai gerar um link. Talvez em um dia faça sentir bem e em outro possa fazer sentir mal. Ou ainda, há casos em que o uso prolongado também pode trazer um quadro de sintomas mais depressivos”, explica.

Independente do resultado, o importante a considerar é que não há garantias de que o uso da maconha contribua ou prejudique no rendimento. “Sendo droga perturbadora, ao usar você sai do estado normal. Se você está surfando após o uso, você não está surfando no seu estado normal”, conclui.

Profissionalização

A maior profissionalização atual do surf abre um caminho mais possível para o entendimento de que a saúde mental do atleta é ponto de atenção. Esquizofrenia e transtorno bipolar são assuntos mencionados abertamente com um pouco mais de frequência entre os surfistas profissionais. Alguns, inclusive, com diagnóstico e tratamento controlado. Mas não é raro que crises ocorridas com atletas sem acompanhamento sejam banalizadas. Isso pode estar diretamente ligado à pressão constante pelo alto rendimento ou ao abuso de substâncias. Ou ainda, dos dois ao mesmo tempo. 

Se antigamente era desejável que o surfista levasse o comportamento radical também para fora d´água, hoje o status de atleta trouxe aos surfistas de alto rendimento a aura da consciência disciplinar. Ainda que sejam cenários com demandas de imagem e mídia distintas, isso não significa que o impacto na saúde mental seja diferente.

Público e privado

A realidade é que a relação entre o público e o privado dentro do surf profissional poucas vezes é observado pelos fãs do esporte. Em determinado momento, o que é público e o que é privado no mundo do atleta colidem de uma forma surpreendente para quem considera que aquela vida é feita apenas de sonhos.

Andy Irons é um exemplo. Diagnosticado com transtorno bipolar, teve a imprevisibilidade e os altos e baixos de humor estimulados como comportamento até desejado, admirado pelos fãs. Mas quando a situação fica insustentável internamente, o desfecho trágico gera surpresa.

Na frente das câmeras, comportamentos extremos podem não ser mais desejáveis comercialmente como eram naquela época, mas casos como o de Andy Irons também podem estar acontecendo atualmente. O campeonato é um entretenimento, e parte dos bastidores pode ficar oculto. “E aí entra toda uma discussão de fair play, de antidopping. Vamos falar de competência, e não de ter um potencializador. Tem muito atleta que preza por isso hoje em dia”, aponta Gabi.

Dois lados

Para ela, é possível que estas duas realidades estejam acontecendo paralelamente hoje em dia. “Certamente hoje existem atletas fazendo uso de substância e atletas que não fazem uso ocupando os mesmos espaços do surf, que transitou tanto nos últimos tempos. Existe algo cultural com a droga, mas agora tem a profissionalização do surfista, a imagem na mídia, e tudo isso compõe um novo cenário. E droga está no meio. A doença está no meio. Mas muitas vezes não se fala sobre isso. Por isso, quando surge um caso de suicídio no surf, por exemplo, isso choca tanto”, considera. Em sua visão, há negligência em relação as debate sobre doença mental no meio esportivo.

Isso não pode ser uma polêmica porque o atleta precisa ter essa consciência para conseguir buscar ajuda”, diz.

Por se tratar de um universo ainda cheio de preconceito, buscar um psicólogo, para alguns, ainda gera medo do julgamento. “Já poderíamos ter passado dessa fase se não houvesse um grande preconceito. É difícil ainda as pessoas olharem para o processo terapêutico como qualidade de vida. Entender como está sua saúde mental é entender em que grau está sua qualidade de vida. No universo do atleta é ainda mais denso falar disso”, reforça.

A figura do psicólogo no surf

Enquanto existem atletas que evitam ao máximo mencionar que têm um psicólogo esportivo pelo temor de sofrer preconceito, já existem outros que adoram a ideia por entender que faz parte do processo e da equipe que trabalha ao seu redor. Gabi observa que dentro ou fora do esporte, existe quem já enxerga o cuidado com a saúde mental como algo naturalizado, aceitável e que faz parte da vida. “Vejo ainda bastante preconceito no surfista para procurar um psicólogo, mas também vejo surfistas abertos ao trabalho. Existe ainda a questão da logística. Viagem, fuso, isso, aquilo. Encaixar a terapia na rotina é mais um compromisso assumido”, observa.

A intervenção do psicólogo é fazer com que a pessoa amplie o olhar sobre o que está acontecendo. “Abordar o sofrimento que o atleta está vivendo não é uma tarefa simples. De repente ele traz um sofrimento psíquico porque está perdendo todo campeonato, e é preciso fazer uma intervenção nesse sentido. Existe uma acolhida, mas existe a necessidade de entender porque está nesse caminho. E ao começar essa exploração, existem coisas que incomodam”, aponta.

Ainda que o processo terapêutico seja um processo, muitas vezes, árduo, ela destaca que a terapia como sofrimento também é um mito. “Tem toda uma maneira de levar. Ninguém vai sentar na cadeira elétrica, a terapia não é pra isso. Vai ter momentos difíceis, mas não vai ser hostil. Assim como a vida, terá dias fáceis e difíceis. Sessões mais leves e mais pesadas, e que vão provocar o despertar. A transformação é isso”, define Gabi.

Surf recreativo

E como o espelhamento na performance profissional pode refletir na saúde mental do surfista recreativo? Para a psicóloga, é preciso ponderar o comparativo, já que o atleta profissional tem uma vida dedicada a isso. “A sistematização do treino e o gestual do que ele está fazendo é para realmente se superar a cada momento, a cada movimento produzido. Quando as pessoas olham para isso, é relativo. Alguns reagem afirmando que nunca conseguiriam, enquanto outras reagem querendo reproduzir”, constata. Mas nos dois extremos, é preciso ter cuidado.

O objetivo de se inspirar na manobra do atleta profissional pode até existir, mas é fundamental entender quais as habilidades disponíveis para isso. “Preciso entender que nível eu tenho. Muitas vezes a pessoa surfa bem e tem habilidade para fazer uma manobra muito boa sem ser profissional. Ela pode colocar esse tipo de objetivo desde que tenha uma condição realista”, diz. É isso que evitará frustração.

A importância do objetivo

No oposto, o surfista iniciante pode pensar que nunca conseguirá atingir um bom nível, mas no fundo tem habilidade para evoluir. Também é preciso evitar a autossabotagem. Por isso, fazer um objetivo é algo muito particular. Quanto mais realista for a percepção sobre seu próprio surf, mais adequado será o seu objetivo. Gabi afirma que hoje em dia há recurso externo para buscar uma referência do próprio surf. “Posso me ver em um vídeo, em uma foto, entender em que nível estou para saber o que posso objetivar”, sugere.

É natural para todo surfista o desejo de aprimorar a técnica. Mas Gabi destaca a importância de criterizar os objetivos passo a passo.

A gente tem pressa. Comecei a surfar ontem, amanhã quero surfar igual o profissional. Muitas vezes o que acontece na frustração é que a pessoa não tem o objetivo adequado. E isso não acontece só na iniciação. Tem muito atleta de alto rendimento que acaba puxando tanto o objetivo que acaba se frustrando e tendo queda na motivação”. destaca.

Como isso acontece com todos os níveis, o processo de fazer o objetivo é coisa séria. Ajuste do objetivo, portanto, também é condição para saúde mental.

Ajuste de objetivo

 No caso de um atleta profissional, às vezes o rendimento está ok, mas a cabeça está mal. “Já tive uma atleta de outra modalidade que tinha o objetivo de ser olímpica, mas que num determinado ponto percebeu que aquilo não era mais possível. O trabalho também acontece ajudando a elucidar essa realidade”, explica. “Quando percebeu que não conseguiria chegar no meio olímpico, fez um ajuste, conseguiu lidar com isso, contemplar até onde tinha chegado e compreender essa condição”, conta. Colocar o atleta para contemplar a realidade e fazer o ajuste, segundo Gabi, não só faz parte do processo como é muito comum.

“A pessoa é um conjunto, não existe divisão. A saúde mental está muito interligada também no núcleo ao redor do atleta. Se a pessoa é adulta, o núcleo que ele convive é o técnico, o fisiologista, a esposa, o marido. Quando é adolescente ou criança, o núcleo é a família. É importante também conversar com eles porque é preciso alinhar os discursos”, diz.

Ela lembra um caso de burnout em que, para que o atleta não desistisse da modalidade, surgiu a condição de pausa nas competições. “Para os pais isso foi muito difícil. Isso acontece e é muito comum ter um trabalho com pais e com a equipe toda para falar a mesma linguagem. Tanto é que nesse caso a atleta deixou as competições por um ano e depois voltou muito bem, sem mais o risco de abandonar a modalidade. Os pais acabam entendendo esse entorno porque querem o melhor para o filho”, observa.

Pressão no atleta infantil

Quando falamos de depressão no esporte, um foco de atenção muito grande deve estar entre os atletas mais jovens. No surf, por exemplo, existem crianças de 5, 6, 8 anos que são prodígios. Há o talento, mas a cobrança vem junto. Seja da própria criança, dos familiares, da equipe ou dos patrocinadores. “Isso é muito polêmico. Mas falando de forma sutil, a criança que tem um patrocínio desde cedo, está num trabalho. Estou falando de infância com trabalho”, define.

Gabi conta que atende crianças que são atletas. “Elas adoram o que elas fazem, mas realmente existem coisas que muitas vezes elas não compreendem, e que é imposto. A criança não compreende porque é imatura para aquele entendimento. É uma imaturidade psíquica junto com uma exigência enorme, muitas vezes”, descreve.

Muitas vezes os pais, querendo o melhor para os filhos, colocam a pressão pelo resultado. E o trabalho da psicologia também vem auxiliar para a construção de empatia, de se colocar no lugar do atleta, de entender como ele se sente com essa pressão.

Às vezes é mais tranquilo ficar do lado de fora só falando que tem que ganhar e o atleta pode estar sofrendo, e muitas vezes até se naturaliza certos pontos do sofrimento. ´É normal, é normal, a vida de atleta é assim´, dizem. Mas peraí, até que ponto estamos tratando esse limítrofe? Então é normal o atleta sofrer a vida inteira? A vida do atleta deve ser só sofrimento?”, questiona.

O perigo da projeção

É importante elucidar o tipo de vida que se quer para o filho e quando há projeção do desejo dos pais ou do próprio técnico. “É isso que faz abrir uma discussão de saúde mental – o limiar entre a pessoa adorar o que ela faz e adorar mas começar a sofrer. Até onde isso pode ser administrável e onde passa a ser um sofrimento psíquico que não dá certo?”, pondera.

Gabi chama atenção para a quantidade de histórias que passam por esse ponto. Menciona que é nítido inclusive em muitas biografias de atletas. “A criança precisa ser respeitada no seu tempo de maturidade psíquica. Não adianta colocar uma estratégia para uma criança de cinco anos porque ela não sabe o que é um pensamento estratégico, ela não tem essa maturidade psíquica. Isso é cerebral. Então, muitas vezes o meu papel é falar sobre fases de desenvolvimento, explicar o que a criança é capaz de captar em cada idade”, destaca.

A pressão sem limites até pode dar resultado, mas o acúmulo ao longo da vida pode ser extremamente prejudicial.

O limite de não estar bem

Pode ser difícil saber a hora de procurar ajuda. Talvez a resposta mais simples seja quando começar a perceber que não está conseguindo corresponder com o que a vida está demandando. “A dúvida é inerente do ser humano, mas se essa dúvida impactar de uma forma que te faz sentir incapaz, perdido e com mal estar de lidar com a própria vida, é um grande sinal. Se estou percebendo que estou há muito tempo num processo de sofrimento, que não estou feliz, é hora de procurar um psicólogo”, sugere Gabi. Ela lembra que ser feliz não é uma utopia.

É permitido. Ser feliz existe sim. Posso estar satisfeito com a minha vida. Se não estou feliz com meu trabalho, com meu relacionamento, com meu esporte, se não estou me identificando com nada, se não estou tendo uma troca com a própria vida, então, peraí… Tem alguma coisa errada. É imposto para nós que ser feliz não é muito do nosso direito, que a gente tem que corresponder, e estar feliz é outra coisa. Então muitas vezes quando você pergunta para o paciente se ele está feliz, a expressão é de estranheza”, conta.

Inclusive no esporte, ela enxerga esse padrão de comportamento. Você sabe que é bom para o corpo fazer uma atividade física, mas nem sempre relaciona a escolha da atividade à felicidade. “Você está feliz fazendo aquilo? Tem sentido para você? Muitas pessoas não param na modalidade e não sabem por quê. Quando se fala de estressor ou canalizador, está se falando na alegria de fazer aquilo. A gente protocola a vida. Ser normal é trabalhar todo dia 24 horas por dia, e se você sair pra se divertir, há uma cobrança que gera culpa”, alerta.

Surf cura?

Pessoalmente, Gabi tem o surf como seu instrumento de cura. “É onde eu consigo extravasar minhas emoções. Então, pra mim, realmente, não há nada que um dia de surf não cure. Eu saio muito melhor do mar”, diz. “Pra mim, é muito mais do que apenas fazer um esporte. É um contato muito grande na parte espiritual. Então, pra mim, esse ditado cabe. O surf cura. Acredito que para muitas pessoas também. Às vezes uma hora de surf e a pessoa sai renovada, pronta pra voltar pro trabalho, se motiva para continuar vivendo os processos dela porque o surf vai trazer a recompensa”, analisa. 

Para os momentos que o surf não dá conta, é fundamental conhecer um pouco mais sobre a psicologia, pesquisar e tentar entender para deixar de lado o preconceito. Enfim, saber que pode contar com ajuda.

O caminho para terapia

O caminho dessa busca é muito particular, depende de cada um. Tem gente que busca terapia quando já esgotou todos os recursos, como a ajuda dos amigos, da família, espiritual, etc. Outros decidem buscar esse caminho para se manterem bem, fazendo disso algo para encontrar o equilíbrio. Independente do contexto em que a terapia se insere, estamos caminhando para a conscientização do que é um processo de terapia e desmistificando os preconceitos.

É preciso informação. Procure entender a abordagem teórica que o psicólogo trabalha no seu atendimento e compreender que com algumas delas pode se ter mais ou menos identificação. “Todas as abordagens chegam num resultante, desde que se crie um processo empático com o próprio terapeuta e com a abordagem que ele está trabalhando”, explica Gabi. Por isso, se você foi no psicólogo uma vez e não curtiu a experiência, procure outro porque você pode perceber diferenças.

Todas as abordagens devem ser muito respeitadas, mas as pessoas devem procurar aquelas com as quais têm mais afinidade”, diz. É como prancha. Depende do perfil do surfista e até do mar que ele vai entrar. E, acima de tudo, da consciência de que se trata de um trabalho em conjunto.

Conte com a gente!

Aqui no Surf de Mesa, a gente sempre fala muito sobre se divertir surfando, e esse programa condensa muito do que a gente pensa. Mas angústia, sofrimento, todo mundo pode ter, todo mundo passa. O que não pode é normalizar. Então, procure um amigo, um psicólogo, um caminho. Se precisar, também estamos aqui pra conversar. Fala com a gente no Instagram ou entra no grupo do Telegram, Dê um oi! Você nunca está sozinho.

 

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