Um test ride só para mulheres livres de qualquer estereótipo mostra o conhecimento que se ganha longe da pressão castradora pela performance a todo custo

 

São 17 horas de um sábado ensolarado. Um temporal com direito a raios arremata o dia na extensa praia de Itaguaré. Minutos antes da chuva cair, bem no canto direito, um arco-íris rodeado por nuvens cinzas traduzia a experiência mágica e alucinante que havíamos vivido ali…

8 horas antes…

Aos poucos as meninas vão chegando. São Alines, Brunas, Júlias, Lucianas, Fernandas. São muitas. Em comum, a fissura pelo surf! Arquitetas, artistas, designers, advogadas, psicólogas, estudantes. Foram seduzidas por Carol Bridi que comanda o podcast VAsurfarGINA!

(Ouve aqui o episódio gravado durante o evento!)

No convite, a promessa de um dia inteiro de diversão irrestrita. No pacote, um quiver de 17 pranchas totalmente diferentes com direito a orientações diretamente com o shaper Kareca da Shine Surfboards.

Para espantar o calor, muita Corona gelada. Para dar energia, Baer Mate e Oca do Açaí. A brincadeira estava apenas começando. Aos poucos a areia vai sendo povoada e acomoda um grupo disposto a experimentar, aprender, curtir. Livres da pressão estereotipada e castradora da performance. A vontade de abraçar novas possibilidades para deslizar sobre as ondas faz com que o quiver rapidamente se despeça da areia. Não há prancha fora d’água. A sororidade dá conta de organizar o test ride e para ganhar tempo as meninas trocam de pranchas sem sair do mar.

Quando a gente começa no surf não faz ideia da gama de equipamentos e não é financeiramente viável para a maioria das pessoas ter um quiver com tantos modelos, logo, é uma sensação única poder experimentar tanta coisa”, diz Bruna Verardo, professora de surf em Santos.

Ela parecia realmente animada e não perdeu tempo.

O mar, de certa forma colaborou. Valinhas de meio metro (há controvérsias, sempre há) permitiram que as novatas pudessem se arriscar mais e que as mais experientes tentassem encontrar as maiores da série para mostrar suas habilidades com pranchas que nunca haviam experimentado. Bruna Kim era uma das mais pilhadas. Com jeitinho calmo típico das orientais testou vários tipos de pranchas. Foi a primeira a convidar a alaia para participar da brincadeira. Não parou um minuto durante as oito horas do test ride. Final do dia, sorriso no rosto, ainda parecia ter gás para muuuuito mais!

Acolhimento. Essa foi a tradução da simpática e empolgada Júlia Amato, uma psicóloga do esporte que testou tudo o que conseguiu. Animada, conseguiu traduzir suas impressões em um bate papo aquático com o shaper de plantão. Muita informação sem perder a diversão.

Descobriu na prática qual o papel das quilhas porque durante o teste usou um modelo sem. Daí para sentir a diferença quando usou os modelos bi e tri foi um pulo. Ponto para ela! A ideia era exatamente essa!

Luciana Pedrosa, entre um teste e outro, revela que tinha receio do mar e foi parar em uma escola de surf pelo incentivo da amiga Paola Riccó que traduziu a sensação de estar ali como algo muito ligado à liberdade e ao empoderamento feminino. Talvez esse empoderamento seja o mesmo que sente Victoria Mazzia, a produtora de cinema que surfa desde 2012.

Eu amo surfar e pratico quase todo dia. Ele é meu refúgio.”

Fernanda Yamamoto, ao que tudo indica, encontrou a melhor companhia para o test ride. Veja se não é divertida e cheia de conclusões técnicas a narrativa da experiência dela: “Apesar de ser um SUP 6’7″, nas primeiras ondas senti bastante a instabilidade de dropar em uma prancha menor do que a minha 7’5″, mas depois de alguns caldos eu ´peguei o jeito´ do drop dela e quase rolou umas paredinhas (eu sempre pego retoside, então só isso já foi bem incrível. Ela é definitivamente uma prancha rápida, mas extremamente confortável. Pegar as marolas da tarde com ela foi viciante e acabou que eu fiquei mais tempo na água. O mar já estava meio vazio e as meninas estavam mais longe, mas quem estava perto devia estar pensando quem era aquela doida rindo sozinha com a prancha. Hahaha”.

Ela finaliza a narrativa empolgada afirmando que estava orgulhosa por se sentir de alguma forma parte da FLAMBOIAR, porque junto com ela evoluiu muito no surf tanto na prática quanto na teoria. Yessss!!!!

Não faltou prancha diferente para sentir nos pés o que cada modelo pode trazer. As preferidas das sessions foram um longboard clássico 9’4”que parecia feito sob encomenda para entrar nas ondas do marzinho do dia, seguido pela Melancia, um funboard 8’0”; uma mini simmons 5’3” bico quadrado; uma finless bem conceitual; e a charmosa adaptação moderna de fish, toda laminada com fibra de carbono.

Cangas multicoloridas espalhadas pela areia testemunharam causos e mais causos de surfistas. Conversa animada, despretensiosa. Conexões que permeiam o surf e de certa forma vão fortalecendo a presença feminina na água.

Nenhuma pressão, zero julgamento.

A sensação de empoderamento que surge pelo simples fato de sentir-se pertencente a algo maior. Ou pela simples descoberta de que um medo foi superado ou um sonho foi realizado.

Uma coisa pudemos perceber: elas sabem o que querem e querem mais, muito mais!

 

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