O episódio dessa semana já estava gravado quando fomos surpreendidos com a notícia de que a região onde estamos entraria em lockdown. O que significava que voltaríamos a viver um sentimento que conhecemos pela primeira vez exatamente um ano atrás – o de ficar em casa e restringir as saídas na rua ao estritamente essencial. Caímos na real e, “perplectos”, lidamos com a situação da seguinte forma: LIGANDO OS MICROFONES.

Percebendo a reação de parte dos surfistas à volta das restrições que os distanciam das ondas, trouxemos o tema para debate. Exatamente um ano depois de ficarmos trancados em casa (nós, pelo menos, ficamos), vivemos o pior momento no Brasil, atual epicentro da pandemia, com mortes e número de contaminados batendo recordes diários. Mais de 3 mil pessoas morrendo por dia, lotações das UTIs, filas crescentes de espera por leitos, falta de oxigênio e remédios, negócios fechando, abismos sociais aumentando, e mais uma infinita lista de reflexos dramáticos em maior ou menor escala. Diante de tudo isso, será mesmo que o maior problema que temos no momento é ficar sem surfar por um período limitado?

Ninguém questiona que é possível surfar sozinho, manter o distanciamento no outside e que o surf pode ser um remédio para a saúde mental. Mas a questão é simples: se ainda estamos longe da imunização e as coisas estão fora de controle, é papel de todos ter consciência de que ninguém quer abrir mão do que faz bem. E que, assim, todos encontram seus argumentos para driblar a barreira e fazer o seu corre.

Afinal, que mal teria um só surfista sair na rua e andar até o mar, né?

Aos alecrins dourados, explicamos: VOCÊ NÃO É O ÚNICO QUE DESEJA ISSO.

E quando não há essa consciência de que de um em um se faz a massa, o que acontece é o que vemos hoje. Uma população desnorteada morrendo antes da sua hora.

O episódio que vai ao ar hoje foi gravado de última hora um dia antes da data prevista para o início do lockdown na Baixada Santista, que, até segunda ordem, tem previsão de durar até o dia 4 de abril. Com isso, Junior Faria, Carol Bridi e Rapha Tognini fugiram de voltar a gravar remotamente, pelo menos dentro dessas duas semanas. O episódio que estava pronto para essa semana – com convidado ilustre e tudo – será veiculado na quinta que vem.

Adiamos o episódio que tínhamos preparado porque achamos importante nos posicionarmos em relação ao nosso papel como surfistas. Este episódio do Surf de Mesa pode até ser visto como chato (e para nós também foi). Mas está no ar hoje porque o entendemos como extremamente necessário.

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Além do Spotify, você também pode ouvir o Surf de Mesa nas plataformas Apple Podcasts, Google Podcasts, Deezer e Spreaker.

 

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Já conhece o outro podcast da Flamboiar?  VA surfar GINA é o podcast para quem saber mais sobre o surf feito por mulheres.