Mais um daqueles dias em que tudo parece cinza, embora o sol já tivesse se esquivado por uma brecha na persiana e riscado a porta do armário. Abre os olhos. Não. Abre um olho. Tentativa de reconhecer o território de forma gradual. Estava em casa. As garrafas de cerveja jogadas num canto. A cabeça dói. A briga havia sido feia. Gritos. Ofensas. Porta batendo. Choro. Depois o nada absoluto. Fim de caso. Levanta, olha pela janela. Há ondas. Altas. Pega a prancha, coloca a cordinha no pé. Antes de bater a porta, dá uma última olhada no espelho e acerta o biquíni. Traição dói, mas não há nada que um dia de surf não cure!