Já pensou se o problema do lixo virasse solução? E que tal se todo o plástico oceânico pudesse ser transformado em coisas úteis? Algo assim… tipo… uma casa? O técnico em mecânica Pedro Lucas Pinho teve esse lampejo sob o teto de um galpão de madeira no Camboja, onde voluntariava depois de largar a estabilidade financeira proporcionada por um cargo cobiçado no mercado de exportação China x Brasil.

Da China, a inquietude quando percebeu de perto a trajetória dos objetos pelo mundo o lançou a uma viagem interna enquanto perambulava por Camboja, Laos, Tailândia… Quanto mais percorria o Sudeste Asiático, mais percebia a ligação invisível entre tudo que consumimos e os problemas crescentes de um planeta que, (sempre bom lembrar) redondo, não possui cantos.

Decidiu então criar sua primeira máquina de reciclagem. Inspirado no Precious Plastic, projeto open source que permite a qualquer um ter sua própria mini usina de reciclagem, Pedro começou a trajetória que viria a se transformar no projeto Casa Plástica. De volta à Saquarema, onde nasceu, desde 2019 vem dando um passo de cada vez rumo à ideia original: projetar e construir uma casa totalmente feita com o plástico retirado dos oceanos.

Quer conhecer essa ideia e entender como o lixo oceânico pode se transformar em solução para pequenos e grandes problemas sociais? Dá o play aqui e absorve, que esse episódio do Surf de Mesa é pura inspiração e conhecimento útil pra humanidade.

Plástico oceânico

Mais de 70% da Terra é coberta pelos oceanos, onde vivem as algas, que respondem por 55% do oxigênio do planeta. Surfamos no verdadeiro pulmão do mundo. Por outro lado, todos os lugares estão interligado pelos mesmos problemas ambientais. Desaparecimento de espécies nativas, excesso de lixo nos oceanos e os efeitos cada vez mais agressivos do aquecimento global não deixam dúvida do impacto. De mutirões que se organizam em coletas pelas praias à iniciativas individuais, é cada vez mais comum a consciência sobre a necessidade de minimizar os estragos que os resíduos produzidos pela humanidade causam ao ecossistema diariamente.

Mas, e depois de catar? Joga ali na lixeira, com destino ao aterro sanitário, provavelmente. Um tanto melhor. Mas nesse mundo redondo, não existe “jogar fora” porque tudo é cíclico. Pensar em “novas perspectivas para mudar a forma de lidar com os resíduos produzidos diariamente pelo humano, garantindo a saúde e sustentabilidade ambiental de cada comunidade” é o que propõe a Casa Plástica, que descobre e testa novas tecnologias para a reutilização do plástico oceânico e estuda o lixo marinho recolhido.

Antes da casa

No caminho para a primeira casa inteiramente feita com plástico oceânico, o projeto vem construindo degraus. A ideia é que a transformação possa ir acontecendo através da educação e de pequenos objetos. O resíduo plástico coletado por Pedro em Saquarema passa por diferentes processos antes de se transformar em placas e barras de plástico. Triagem, separação, estudo antropológico, lavagem, fragmentação e extrusão são algumas das etapas.

Quando voltou ao Brasil, Pedro montou as máquinas de trituração e extrusão com pouco mais de R$ 11 mil arrecadados em uma campanha de crowdfunding que contou com 57 apoiadores. Após recolher mais de 1 tonelada de lixo em 1 ano de projeto, foram destinadas à comunidade local as peças úteis produzidas do plástico coletado na reserva de Saquarema.

Além de transformar o plástico usado e descartado no oceano em material útil, o projeto também está transformando um antiga oficina de pranchas em ateliê para workshops e eventos de educação sobre sustentabilidade.

A presença do surf

Pedro nasceu e cresceu com o ambiente do surf ao seu redor. Era inevitável que essa presença inspirasse e se expressasse na imagem e comunicação do projeto. Um logo esboçado à mão durante uma viagem de ônibus carrega toda a estética da década de 70. Um tempo que não só marcou a invasão de surfistas nas areias brasileiras, como também produziu movimentos icônicos. A dicotomia entre o comportamento Paz & Amor e o salto tecnológico produziu expansões culturais que moldaram a sociedade.

Da música aos negócios, essas influências perduraram tanto quanto entraram em choque no meio século que nos trouxe até a complexidade dos dias atuais. Em meio a tantos eventos históricos, é também questão de escolha o que fazemos e como nos comprometemos com nosso próprio tempo e com o que ele produz.

Se você quer conhecer a Casa Plástica para colaborar ou inspirar um projeto na sua própria comunidade, saiba que, além de encontrar o contato no site, pode acompanhar tudo que rola pelo Instagram. Também pode encontrar Pedro e sua galera em eventos nos quais o projeto marca presente. Um dos próximos será a etapa do CT em Saquarema. A Casa Plástica estará por lá mostrando o que sabe fazer de melhor: transformação na prática.

E se deu vontade de ter sua própria mini usina de reciclagem, aqui no Precious Plastic você pode estudar melhor as possibilidades de concretizar essa ideia.

 

 

 

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