Virou notícia nos últimos dias a iniciativa de algumas poucas empresas liberando funcionários para torcerem pela seleção brasileira em campo durante a Copa do Mundo. Se você estranhou o que acabou de ler é porque sentiu falta de algo na frase. Ela não faz o menor sentido em pleno 2023 se não vier acompanhada do gênero feminino. E isso quer dizer muita coisa.

A história do esporte, seja como fenômeno biológico ou cultural, é antiga. Alguns esportes, contudo, são relativamente recentes quando colocados em perspectiva à longa história do esporte desde a antiguidade até a era moderna. E talvez nada seja tão característico dos períodos mais recentes dessa história do que a distância provocada entre gêneros pelas barreiras sociais e até jurídicas à livre prática de esportes pelas mulheres. As consequências são inúmeras e se refletem em ações tão simples, como não estarmos quase em uníssono considerando pseudoferiados os dias de jogos da Copa do Mundo Feminina; quanto extremamente complexas, como a diferença salarial das atletas.

E entre essas consequências estão termos que parecem ter vindo de um passado longínquo, como “conquistas históricas” e “pioneirismo”, sendo usados de forma contemporânea em conversas tão atuais como a que Rapha Tognini e Carol Bridi tiveram com a skatista Yndiara Asp neste episódio do Surf de Mesa.

Sobre pioneirismo e conquistas históricas

Top 10 no atual ranking mundial de Skate Park, Yndiara tem 25 anos, e nos 10 anos desde que competiu (e venceu) seu primeiro campeonato de skate coleciona feitos não só nas pistas, como na consolidação da categoria feminina do skate. Foi a primeira skatista mulher a fazer parte do time de patrocinados da Vans, e apesar de ser skatista profissional pela Confederação Brasileira de Skate desde 2018, alcançou a categoria máxima do skate mundialmente em 2022, quando teve seu primeiro Pro Model lançado (uma espécie de batismo profissional no mundo do skate) pela tradicional marca de shapes californiana Santa Cruz Skateboards.

Fez parte do time Brasil na estreia do skate como esporte olímpico. E alguns anos antes, sua imagem em um pódio de premiação desigual fez de Yndiara o pivô de uma conquista histórica para as skatistas. A diferença entre os cheques de R$ 5 mil para a campeã e R$ 17 mil para o campeão gerou uma onda de debates em 2018 que proporcionou um caminho para a equiparação de premiações entre os gêneros. Yndiara carrega como referência feminina no esporte mulheres com pouco mais que a sua idade, e até mais novas. E isso diz muito sobre a história que está sendo escrita pelas mulheres no esporte agora, em nosso próprio tempo.

Quer fazer parte da história sendo escrita? Dá o play aqui então, e vem conhecer uma das principais referências do skate feminino que, aliás, também está sempre no mar com sua prancha quando não tem um carrinho nos pés.

 

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