Esta semana, o surfista australiano Owen Wright anunciou aposentadoria. A etapa de Bells Beach será sua última participação em competições, e a decisão é, sobretudo, por questões médicas. Desde 2015, quando teve um lesão cerebral traumática diagnosticada após um dia normal de treino em Pipeline, Owen viveu uma trajetória heróica em sua recuperação. Basicamente reaprendeu a andar e surfar, venceu logo de cara na bateria de reestreia 15 meses depois do diagnóstico, e se tornou medalhista olímpico anos depois. Mas a realidade é que os riscos de continuar exposto a impactos repetitivos na intensidade que o surf competitivo exige o colocam em uma posição delicada.
Em seu anúncio de aposentadoria, Owen declarou que espera ser uma voz sobre a saúde do cérebro e um defensor de atletas de todos os esportes que sofreram concussões e lesões cerebrais traumáticas. E é justamente esse o tema que Rapha Tognini, Carol Bridi e Junior Faria trazem neste episódio do Surf de Mesa.
Lesões cerebrais no surf
Lesões cerebrais decorrentes da prática do surf são mais comuns do que se pode imaginar. Para além dos traumas perceptíveis em acidentes, o impacto repetitivo também é capaz de provocar consequências ao longo do tempo. “Episódios recorrentes podem aumentar o risco de encefalopatia crônica traumática, problemas cognitivos e de saúde mental”, de acordo com estudo publicado no Journal of Orthopaedics.
O mesmo estudo chamou atenção para o aumento significativo no número de lesões cerebrais traumáticas leves relacionadas ao surf em um intervalo de 15 anos (2001-2016), apesar da manutenção do total de lesões na cabeça durante o surf identificadas no banco de dados de emergência dos Estados Unidos. Considerando que cerca de 50% dos casos não é relatado, a verdadeira incidência de concussões no surf pode ser ainda maior. O recorte é americano, mas a realidade é que o aumento no número de surfistas e o desejo de realizar manobras cada vez mais difíceis é global. E estes são alguns dos possíveis motivos que justificam o aumento no número destas lesões.
Enquanto estudos não dão conta de relacionar cientificamente dados de ampla cobertura, não custa conversar sobre o assunto para trazer consciência sobre cuidados a tomar e detalhes a observar no dia a dia das nossas vidas surfísticas.
Então dá o play aqui e vem cuidar dessa cabecinha.
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