Em um intervalo de três meses, Tainá Hinckel recebeu o título de campeã brasileira pelo Dream Tour, campeã sul-americana pela WSL América do Sul, se classificou para o Challenger Series e se tornou uma atleta olímpica.

Ao se classificar para as Olimpíadas de 2024, agora o Brasil inteiro descobriu Tainá, mas o caminho da menina da Guarda do Embaú que começou a surfar aos 6 anos com absoluto incentivo do pai, competiu no masculino (por falta de competições femininas) até ser vetada de tanto vencer os meninos e foi a mais jovem campeã sul-americana Pro Junior da história da WSL América do Sul, é bem mais longo do que isso, apesar da pouca idade – Tainá está a um mês de completar 21 anos.

A conversa que você ouve hoje, gravada durante o Saquarema Surf Festival, acontece exatamente cinco anos após a primeira entrevista de Tainá para a Flamboiar, também em Saquarema. Em 2019, Carol Bridi conversou com a surfista que, na época com 16 anos, havia acabado de passar pelo trials do CT e corria a etapa em que foi eliminada nas oitavas por Carissa Moore no ano em que ela conquistou seu quatro título mundial. De lá para cá, muita coisa aconteceu, e Tainá conta em detalhes situações que estavam guardadas até pouco tempo atrás, como o período difícil que passou a partir do fim daquele ano devido à hérnia de disco que tinha desde os 13 anos.

Menina da Guarda

Um processo difícil para lidar com as dores e toda a situação, uma pandemia no meio e um longo período de recuperação tiveram impacto sobre aquela menina que, considerada prodígio, apesar de obviamente conhecer o sentimento de derrota em muitas baterias, estava acostumada a vencer. O ano de 2023 foi o primeiro em que competiu considerando-se completamente recuperada. E deu no que deu.

Internamente, havia ainda um amadurecimento. Uma estabilidade emocional maior, talvez. A consciência de que tudo passa. Tanto o que é bom, quanto o que é ruim. Linearidade que ajuda nas competições. Sinal disso é que o assédio que mal começou, mas já fez muita coisa mudar, não virou deslumbre. O estilo mais low profile ainda prevalece. É uma menina da Guarda, afinal. Pode virar orgulho nacional, mas sabe, e guarda bem na memória, quem está junto de verdade na vitória e na derrota.

Tainá impressionou na conversa cinco anos atrás e continua impressionando agora. No tom de voz, a sutil diferença das transformações internas vividas por uma surfista que vem amadurecendo pessoalmente e profissionalmente com a naturalidade de alguém que sabe confiar no processo.

Então dá o play aqui, e vem ouvir a voz da Tainá de 20 anos.

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