Esse episódio do Surf de Mesa já está sacramentado nos coraçõezinhos do Rapha Tognini e da Carol Bridi como topster dos topsters dos últimos tempos. Não só porque no microfone também está um top do CT, mas porque a conversa entregou tudo que todo mundo mais gosta. Verdades boas e verdades ruins de se dizer, aquele humor afiado sem ser vulgar, questionamentos oportunos, dores e alegrias, críticas e elogios sinceros, informações e memórias relevantes, e, como se não bastasse, um furo de reportagem.

Com a tranquilidade que só quem carrega na mesma medida a experiência e a cabeça aberta é capaz de expressar, Miguel Pupo falou sobre polêmicas de uma forma tão leve que a  complexidade fica quase imperceptível ao ouvido. Assuntos como a lesão, o corte do meio do ano, o wildcard, o sonho de classificação para as Olimpíadas, família, conflitos, mercado e patrocínios, e a relação entre surfistas e mídia foram alguns rumos que o papo tomou. Não faltou ainda passar por Braziliam Storm, gerações anteriores, cenários do surf nacional e gerações futuras.

Com consciência de sobra de que tudo é resultante de uma infinidade de fatores que jamais se reproduz de igual forma na medida em que as coisas evoluem, divide o prazer de uma boa visão crítica. Característica daqueles que gostam de pensar, mas com o acréscimo do mais difícil nesse exercício: livre de opiniões fechadas, implicando responsabilidades em todas as pontas. Exatamente como costuma ser a realidade. Chegar nesse nível é para os Pros. E isso Miguel mostrou que é não só na performance física. Na mental, já ganhou nossa medalha de ouro. Não é olímpica, mas né… tem lá seu valor também.

Cirurgia tira chances de corrida por vaga olímpica

Miguel foi o campeão do Nike Lowers Pro 2011, evento que batizou sua geração com o nome Braziliam Storm. Entrou no CT pelo ASP One Raking, a primeira versão de corte em meio de temporada, e agora viveu o lado oposto. Saiu no atual Mid-Season Cut da WSL depois de perder toda a perna australiana, caindo de 8º para 26º  no ranking. A lesão no tornozelo esquerdo sofrida em Portugal que o tirou das duas últimas etapas antes do corte, foi confirmado ontem, vai acabar em cirurgia, tirando de vez as chances de voltar ao tour ainda esse ano.

Pelo menos nesse ciclo, Miguel perdeu as chances de lutar pela vaga olímpica. Mas o desempenho acima da média que teve nas etapas desse ano e na temporada passada, quando fechou na porta do Finals em 6º lugar, garantiram o wildcard para a temporada 2024. Isso significa que, em breve, continuaremos vendo Miguel brilhar no mar. Enquanto isso, é só dar o play pra ouvir ele brilhando por aqui também.

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