Despedida acontece na Praia Mole, enquanto Guarda do Embaú encerra história da Taça Brasil. A partir de 2026, ranking unificado dá origem ao novo Campeonato Brasileiro de Surf. Saiba como isso impacta atletas.
O mês de novembro marca o fim da história do Dream Tour e Taça Brasil, atuais circuito principal e circuito de acesso da Confederação Brasileira de Surf (CBSurf). De hoje, 27 de outubro, a 2 de novembro, a Guarda do Embaú encerra a temporada da divisão de acesso, decidindo os últimos campeões na Taça Brasil, enquanto a Praia Mole recebe, de 4 a 17 de novembro, as duas últimas etapas do Dream Tour, que decide os campeões brasileiros de 2025. As etapas consecutivas da elite na Praia Mole somam R$1 milhão em premiação.
A partir de 2026, os surfistas brasileiros competem em novo formato. A principal mudança envolve a unificação dos rankings do Dream Tour e da Taça Brasil. Com a fusão, nasce o Campeonato Brasileiro de Surf, que terá no mínimo quatro etapas com premiação de R$ 500 mil cada.
Com um só ranking, as etapas são abertas a até 228 surfistas, sendo 168 homens e 60 mulheres. A nova estrutura estabelece o Top 22 masculino e Top 11 feminino do ranking como cabeças de chave, que terão acesso direto a fases mais avançadas da competição e premiação garantida em dinheiro.
Na transição, a composição inicial dos cabeças de chave para a primeira etapa de 2026 será formada pelos 14 primeiros colocados do Dream Tour 2025 + 8 primeiros da Taça Brasil no masculino; e 7 primeiras do Dream Tour + 4 primeiras da Taça Brasil no feminino. A partir da segunda etapa, os cabeças de chave seguem sendo atualizados conforme os resultados da etapa anterior e suas respectivas colocações no ranking.
O novo Campeonato Brasileiro de Surf garante uma premiação anual mínima de R$ 2 milhões em 2026. O objetivo da mudança, segundo a CBSurf, é tornar a disputa pelo título brasileiro mais dinâmica e competitiva.

Etapa do Dream Tour em Ubatuba. Foto: Daniel Smorigo/CBSurf
Um histórico do Dream Tour e Taça Brasil
O Dream Tour estreou em 2023 com uma elite do surf nacional disputando os títulos brasileiros da CBSurf. Esse grupo hoje é formado por 44 surfistas na categoria masculina e 22 na feminina, com 4 convidados homens e 2 convidadas mulheres em cada etapa.
Desde 2023, o DT realizou 12 etapas em 10 cidades de 8 estados do país. Foram 6 em 2023, 4 em 2024, e serão 4 também em 2025, ano em que as premiações subiram de R$ 400 mil para meio milhão de reais por etapa, totalizando premiações totais anuais de R$ 2,4 milhões em 2023, R$ 1,6 milhão em 2024 e R$ 2 milhões em 2025.
Já a Taça Brasil, divisão de acesso ao Dream Tour, nestes três anos realizou um total de 23 etapas, distribuindo premiações anuais de R$ 1 milhão em 5 eventos durante 2023, R$ 1,4 milhão em 10 etapas de 2024, e R$ 1,25 milhão nas 8 etapas de 2025. Neste meio tempo, as premiações variaram entre R$ 100 mil por etapas de 5.000 pontos e R$ 200 mil por etapas de 10.000 pontos nos primeiros anos, chegando ao máximo de R$ 250 mil por etapa de 10.000 pontos neste último ano.
Juntos, divisão principal e divisão de acesso distribuíram R$ 3,4 milhões em premiação em 2023, R$ 3 milhões em 2024 e R$ 3,25 milhões em 2025, mais os prêmios para os campeões dos rankings, que este ano serão de R$ 40 mil para os campeões do DT e R$ 20 mil para os campeões da Taça.

Weslley Dantas. Foto: Daniel Smorigo/CBSurf
Os campeões
Foram campeões brasileiros pelo Dream Tour o paulista Weslley Dantas e a catarinense Tainá Hinckel em 2023 e o pernambucano Douglas Silva e a cearense Juliana dos Santos em 2024. Este ano, a invicta Laura Raupp pode se tornar a segunda catarinense campeã do circuito, enquanto o ranking masculino é liderado pelo baiano Yagê Araujo, seguido de perto pelos pernambucanos vencedores das duas primeiras etapas, Douglas Silva e Luel Felipe.
Como fica agora
Apesar do formato mais dinâmico de competição, que permite a mais atletas o acesso à disputa direta pelo principal título nacional, a mudança estrutural do circuito brasileiro a partir de 2026 representa uma diminuição considerável no número competições, o que reflete na redução de oportunidades de experiência competitiva, de exposição em mídia e chances de remuneração, seja a partir de premiação ou entrega de resultados para patrocinadores.
Na prática, a unificação dos rankings reduz a premiação de um total médio anual de R$ 3,3 milhões nos últimos três anos (entre Dream Tour e Taça Brasil) para R$ 2 milhões circulando entre atletas em quatro etapas confirmadas até agora, contra a média anterior de 12 etapas por ano (entre Dream Tour e Taça Brasil).

Juliana dos Santos. Foto: Fabriciano Junior/CBSurf
O que isso significa
Para entender esse impacto, vale analisar causas que provocam o contexto de aparente escasseamento de condições para manter um cenário nacional robusto de competição em um país que tem sido destaque internacional há mais de uma década.
O formato que agora se encerra foi desenhado pela então nova diretoria da CBSurf, formada em sua maioria por ex-atletas, e anunciado em 2023 com recorde de premiação no surf nacional. O objetivo era resgatar o circuito nacional após um período de descaso nas gestões anteriores, promovendo assim uma base forte para o desenvolvimento de novos talentos capazes de continuar representando o país nas competições mundiais. O desafio, porém, é digno de verdadeiros campeões porque a equação não fecha somente com vontade.
O cenário nacional de competições reaqueceu nestes três anos. Mas não tem sido tão simples fazer com que audiência e potenciais patrocinadores tenham consciência de que não há topo no longo prazo sem base sustentável para mantê-lo. Afinal, uma nação campeã no surf como a que temos hoje só existe porque no passado houve um circuito nacional capaz de sustentar o desenvolvimento de talentos.
Para continuar vibrando vitórias mundiais, é preciso prestigiar e valorizar também jovens surfistas em início e meio de trajetória. As próximas etapas passam ao vivo no canal CBSurfPlay e finais também na Sportv.

Douglas Silva. Foto: Fabriciano Junior/CBSurf
Agenda:
• Taça Brasil Guarda do Embaú | 27 de outubro a 2 de novembro
• Dream Tour Praia Mole | 4 a 17 de novembro
Campeonato Brasileiro de Surf 2026
Nova elite da CBSurf:
TOP 22 do ranking MASCULINO estreiam somente na Fase 4
Transição: Na primeira etapa de 2026, TOP 22 é formato por 14 primeiros do Dream Tour 2025 + 8 indicados pela Taça Brasil 2025.
TOP 11 do ranking FEMININO estreiam somente na Fase 3
Transição: Na primeira etapa de 2026, TOP 11 é formado por 7 primeiras do Dream Tour + 4 indicadas pela Taça Brasil 2025
Formato das etapas:
MASCULINO | 168 atletas
FASE 1 | 24 baterias de 4 surfistas. 1º e 2º avançam e 3º e 4º eliminados
FASE 2 | 24 baterias de 4 surfistas com 48 pré-classificados + 48 da Fase 1
FASE 3 | 12 baterias de 4 surfistas com 48 da Fase 2. 1º e 2º avançam avançam para enfrentar os Top-22 na Fase 4
FASE 4 | 16 baterias de 3 surfistas. Estreia dos Top-22 + 2 convidados contra os 24 da Fase 3. 1º avança direto para Fase 6; 2º e 3º seguem para repescagem (Fase 5)
FASE 5 ou Repescagem | 8 baterias de 4 atletas. 1º e 2º avançam, 3º e 4º são eliminados.
FASE 6 | 16 baterias homem a homem entre vencedores da Fase 4 e da Fase 5. 1º avança para Oitavas de Final, derrotados ficam em 17º lugar.
FASE 7 | OITAVAS DE FINAL | 8 confrontos diretos. Derrotados ficam em 9º lugar
FASE 8 | QUARTAS DE FINAL | 4 confrontos. Derrotados ficam em 5º lugar
FASE 9 | SEMIFINAIS | 2 confrontos. Derrotados ficam em 3º lugar
FASE 10 | FINAL | Decide campeão e vice-campeão da etapa
FEMININO | 60 atletas
FASE 1 | 12 baterias de 4 surfistas. 1ª e 2ª avançam, 3ª e 4ª eliminadas
FASE 2 | 6 baterias de 4 surfistas com 24 classificadas da Fase 2. 1ª e 2ª avançam para enfrentar as Top-11 na Fase 3.
FASE 3 | 8 baterias de 3 surfistas. Estreia das Top-11 + 1 convidada contra as 12 da Fase 2. 1ªs avançam direto para Fase 5; 2ªs e 3ªs seguem para repescagem (Fase 4)
FASE 4 ou Repescagem | 4 baterias de 4 atletas. 1ª e 2ª avançam; 3ª e 4ª eliminadas.
FASE 5 | OITAVAS DE FINAL | 8 confrontos diretos entre vencedoras da Fase 3 e da Fase 4. Derrotadas terminam em 9º lugar.
FASE 6 | QUARTAS DE FINAL | 4 confrontos. Derrotadas ficam em 5º lugar.
FASE 7 | SEMIFINAIS | 2 confrontos. Derrotadas ficam em 3º lugar
FASE 8 | FINAL | Decide campeã e vice-campeã da etapa