Quais são os impactos da pandemia nas marcas de surf e os surfistas que estão se dando mal ao furar o isolamento… Está no ar o 5º episódio do podcast SURF ZINE. E estas são as principais notícias da semana:
Impacto da pandemia nas marcas de surfwear no Brasil
Desde o final de março surgem notícias sobre os impactos da crise do coronavírus nas marcas de surf globais. Em geral, muitas já vinham tendo problemas há algum tempo, e desde que a pandemia chegou, a situação financeira se tornou ainda mais dramática, forçando medidas drásticas que podem mudar radicalmente o mercado do surf. Aqui no Brasil as informações do mercado de surfwear ainda não estavam rolando. Por isso, a Flamboiar resolveu apurar um pouco do cenário interno.
Ao conversar com várias marcas, logo de cara percebemos que pouca gente estava disposta a falar publicamente sobre as medidas tomadas até agora. Parte dos funcionários está trabalhando em casa e parte está parada mesmo, enquanto empresários e executivos correm para decidir qual rumo tomar. No geral, dizem que é cedo para falar em demissões em massa, redução ou término de contrato de atletas. Mas algumas fontes garantiram em off que demissões e reduções salariais já estão rolando. Em algumas marcas, já houve corte de 50% no salário dos atletas e 30% no salário dos demais funcionários.
Segurando a onda
Por outro lado, outras empresas falaram abertamente sobre o que estão fazendo. Uma delas é a Pena, surfwear totalmente nacional. Miguel Brandtner, gestor nacional de vendas da marca, disse que já dá para sentir os efeitos da crise, mas no momento o foco tem sido em deixar os funcionários seguros. A fábrica, com aproximadamente 400 funcionários, está praticamente parada, operando apenas com o mais essencial e todos os protocolos máximos de segurança. Quem pode, tá trabalhando em home office e todos os eventos físicos foram cancelados. No momento não se fala em demissões ou corte de atletas por lá.
Ele deu ainda a informação de que 98,3% dos bens de consumo no Brasil são vendidos em lojas físicas e apenas 1,7% na internet.
Somando estes dados à proibição do surf na maioria das praias, podemos concluir que o cenário vai demorar para voltar ao que era, se é que isso é possível.
Conversamos também com André Jório, estrategista de marca, especialista em multi-canal e diretor das marcas Kenner e Redley no grupo S2holding. André também é consultor para várias outras marcas e está muito próximo do varejo na ponta, que é um dos que mais está sofrendo. Ele diz que o mercado brasileiro é muito frágil e não tem condições de ficar um mês parado sem produzir. Isso porque a maioria dos negócios faz a venda de hoje para pagar a duplicata de amanhã. Ouça mais no episódio.
Ele destaca que no grupo S2holding não estão acontecendo cortes de pessoal. As reformas estão acontecendo no sentido estrutural, no plano estratégico, na jornada de trabalho. Mas os esforços estão focados em manter os postos de trabalho. Isso é, segundo André, um desafio colossal de cada companhia agora, e depende da natureza de cada negócio.
Impactos no cenário global
A Volcom Internacional fez cortes significativos. Segundo a revista Stab, foram dispensados 75% da funcionários nos Estados Unidos e 100% na Europa. Na Califórnia, os dispensados continuam recebendo benefícios, principalmente os relacionadas à saúde. Já na Europa, os funcionários estão acessando os benefícios sociais de seus governos.
O La Jolla Group, detentor da licença da parte de vestuário da O´Neill, anunciou que parte da equipe corporativa e dos funcionários do varejo foi demitida e outra parte foi dispensada. Quem permaneceu, concordou com um corte de salários. Já a parte das roupas de borracha, que continua sendo propriedade da família O’Neill, garantiu pagamentos até o dia 12 de abril, quando reavaliarão a situação.
Sobre a Quicksilver Europa, a revista Stab publicou que a maioria dos funcionários foram demitidos, e quem ficou, principalmente executivos, tiveram grandes cortes salariais. Em alguns casos, abriram mão dos salários nesta pior fase. As medidas seriam para enfrentar o pior período, mas com intenção de recontratar a maioria da força de trabalho em seguida. Vale lembrar que a Quiksilver Europa tem seda na França, e lá o governo garante 80% dos salários dos desempregados. Já sobre as operações da Quiksilver aqui no Brasil, nos Estados Unidos e na Austrália, não surgiram informações oficiais.
Há rumores de que a Rip Curl global fechou mais de 20 lojas e mandou embora mais de 10 mil pessoas. O Beach Grit deu ainda que, segundo uma de suas fontes, os salários dos atletas estavam sendo cortados pela metade a partir desse mês. A Kathmandu, grupo que comprou a Rip Curl Global em outubro do ano passado, anunciou cortes nas operações, incluindo demissões e dispensas.
Surfurões
Vamos à atualização da situação das praias. Esta semana, o Guarujá interditou oficialmente as praias para qualquer atividade física, inclusive com grades e fita de isolamento. Mesmo assim, há notícias de gente surfando nas praias da cidade.
Já em Itamambuca, no dia 7 de abril, dois surfistas foram detidos. Eles foram levados para a delegacia, assinaram termo circunstanciado e vão responder em liberdade por crime contra a saúde pública.
No Rio de Janeiro, durante o mega swell que rolou no final de semana do dia 5 de abril, alguns surfistas foram vistos na água em várias praias. Ao menos um deles, que surfava em Copacabana, foi levado para a delegacia.
E em Trestles, na Califórnia, a praia está fechada com cercas, barreiras e policiais. Mas dois surfistas resolveram usar um barco para surfar um dos picos mais crowdeados do mundo, sozinhos. Conseguiram isso por 30 minutos, até que uma série maior fez com que o barco se desprendesse da âncora e fosse direto pra praia. Os surfistas foram levados para a delegacia. Um dos surfistas pediu desculpas pelo Instagram, onde comentou que, por conta de um impulso, perdeu barco, vários bens pessoais e um pouco da sua dignidade. Nesse mesmo dia, no mesmo pico, um surfista furou os bloqueios e conseguiu surfar um pouco antes de ser perseguido pelo carro dos salva-vidas, que atolou e possibilitou a fuga do surfão.
Aqui estão os links para as DICAS DA SEMANA NO SURF ZINE.
O filme Brice de Nice.
A série documental Punk.
O documentário Introducing the Super Stoked Surf Mamas of Pleasure Point.
[skin-wave-divider position=”horizontal” align=”center” color=”#353535″ animate=”true”/]
O SURF ZINE também está disponível nas plataformas iTunes, Google Podcasts, Deezer, Spreaker e YouTube.
Quer ouvir mais podcasts de surf? Carolina Bridi, Junior Faria e Raphael Tognini também colocam suas ideias para funcionar no Surf de Mesa, o podcast mais sincerão do universo surfístico.