Hoje, um belo domingo de sol em Guarujá, presenciei algo que para mim é novidade: um surfista teve sua prancha roubada enquanto surfava. Sim, enquanto surfava. Aconteceu na praia das Pitangueiras, em Guarujá, por volta das 13h00.

O mar estava bem divertido, apesar das ondas não passarem de meio metro, e bastante gente aproveitava as direitinhas que quebravam ao lado da ilha da Pompeba. Depois de surfar por quase duas horas, peguei minha última onda e saí do mar.

Enquanto eu estava na areia, esperando um amigo sair da água, notei um cara olhando para o mar. Ele andava de um lado pro outro com as mãos na cabeça. Aquilo me chamou a atenção e acompanhei sua movimentação por algum tempo.

À primeira vista, pensei, “ele estava surfando sem leash, perdeu a prancha e agora a procura na arrebentação”. Estava meio certo (ou meio errado). Ele olhava pra lá, pra cá mas nada de encontrar a prancha. Só quando o vi conversando com alguns banhistas e um guarda-vidas realizei que podia ser pior.

Seu papo com as supostas testemunhas foi breve. Eu estava longe por isso não podia ouvir o que eles diziam, mas não devem ter trocado mais que três palavras. As pessoas simplesmente balançavam a cabeça, negativamente, e voltavam o olhar para o oceano. O guarda-vidas fez a mesma coisa.

Quando o surfista passou por mim, ainda sem saber o que fazer, eu perguntei, “o que aconteceu, roubaram sua prancha?” Ele respondeu cabisbaixo, “pô, perdi a prancha e ela veio parar na areia. Saí nadando mas quando cheguei ela não tava mais aqui!”

Inacreditável.

O olhar dele era de tristeza, não de revolta. Os banhistas, o guarda-vidas e as pessoas que caminhavam na areia pareciam estar em um mundo paralelo, indiferentes ao que havia acabado de acontecer. Presenciaram o crime, conscientes ou não do que aconteceu. Mesmo assim não pareciam preocupados. Continuaram a curtir o domingo de sol a beira-mar com uma tranquilidade anestesiante.

E a vida seguiu seu rumo na Pérola do Atlântico.