É muito fácil se divertir no surf desde que o objetivo seja única e exclusivamente esse mesmo. Acontece que ter isso como objetivo isolado é um desafio sobre-humano diante do condicionamento a metas, objetivos e propósitos característicos da nossa vida em sociedade.
O Surf de Mesa prega o surf como diversão. Seus integrantes dedicam-se piamente a isso dentro e fora do mar, mas falham em grande parte das vezes. Por quê? Porque é fácil falar “vou entrar no mar para me divertir”, mas é difícil manter a diversão quando, por variáveis externas ou internas, a queda não rende pelo menos uma boa ondinha ou sequer se vence a arrebentação.
Muito antes do surgimento das redes sociais, o ambiente do surf já era reduto do que hoje conhecemos conceitualmente como “positividade tóxica”. O termo, tido como efeito colateral das redes sociais, ganhou alcance durante a pandemia e foi sendo mais recorrente quanto mais inconveniente foi se tornando o simulacro de vida perfeita nas telas. Mas é fato que o surf, culturalmente construído sob o ideário good vibes, sempre foi um prato cheio para isso.
A jornada do herói
A jornada do herói tem sua construção baseada na superação pela iminência de um final feliz – desfecho idealizado que nem sempre se realiza quando se transpõe da ficção à realidade. É preciso assumir que a trajetória em si não é good vibes. Ela só se torna maneira quando (e se) houver a culminância na conquista. Quando o destino ideal não se concretiza, não há reconhecimento do heroísmo. Se não há heroísmo, não existe herói. Sem a figura do herói, a jornada é invisibilizada.
No mundo real, quando os obstáculos vencem, a jornada se interrompe e o sujeito que lute com o sentimento de derrota. No surf, é aí que a narrativa de mundo perfeito bate de frente com a pressão causada pela constante busca de prazer, performance, evolução e felicidade.
Por isso, nesse episódio, Junior Faria, Carol Bridi e Rapha Tognini encararam a face altamente frustrante do surf e se perguntaram: estaria o Surf de Mesa contribuindo para a positividade tóxica? Ou incorremos demasiadamente em uma espécie de pessimismo terapêutico? O equilíbrio da balança, todos sabemos, é virtude humana difícil, ainda mais quando se trata de um objeto de debate que transita tão facilmente entre o prazer e a frustração, como é o surf.
Qual tua opinião? Dá o play aí e conta pra gente!
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