Em 2002, antes dos clipes instantâneos e do scroll infinito, o surf tinha outro ritmo. Era preciso esperar. Esperar o VHS rodar, o DVD chegar, o novo filme aparecer na prateleira da surf shop. Era ali, nas imagens inéditas e nas trilhas que grudavam na cabeça, que o surfista encontrava aquele impulso a mais que o fazia correr para o mar. Foi nesse tempo que nasceu Snapt, o projeto de um cara chamado Logan “Chucky” Dulien, que só queria filmar seus amigos surfando, mas acabou registrando e influenciando gerações inteiras.

O começo

Logan morava em Newport, trabalhava com a Volcom e tinha a casa sempre cheia. Era ponto de encontro, de passagem, de festas e lugar pra dormir pra uma galera como Bruce e Andy Irons, os irmãos Hobgood, Mick Fanning e tantos outros que viriam a marcar a história. Com uma câmera de 800 dólares na mão, Logan começou a registrar o que via: sessões insanas, viagens e o que acontecia fora d’água. Snapt nasceu ali, com a mesma espontaneidade dos filmes caseiros, só que filmando o melhor surf do mundo. Quando Andy Irons conquistou seu primeiro título mundial, o filme virou documento histórico. E, meio sem querer, Logan tinha criado algo especial: um retrato cru, íntimo e coletivo de uma geração em ascensão.

A sequência veio rápido. Snapt 2 saiu no ano seguinte, mantendo a estética crua: sem roteiro, sem narração, só o surf no seu estado mais puro. Progressão, criatividade e pura expressão pessoal de cada surfista. Surf porn na melhor acepção do termo. E essa honestidade virou a força da série. Quando a indústria partiu para campanhas de marketing e vídeos perfeitos, Snapt continuou sendo o que sempre foi: uma celebração do surf em alto nível como ele acontece, na água e na vida.

Victor Bernardo surfando em Snapt 5Victor Bernardo em Snapt 5

Uma década depois

Depois de mais de uma década adormecido, Snapt ressurgiu em 2015 com o terceiro filme da série. Só que o mundo havia mudado: o YouTube ditava o ritmo, e cada surfista lançava seus próprios vídeos em tempo real com a explosão definitiva do Instagram. Mesmo assim, Chucky conseguiu reunir um elenco de talentos que seguiu acreditando na velha magia de guardar o melhor para o grande momento. As filmagens de Snapt 3 e Snapt 4 mostraram que ainda existe espaço para o inédito, desde que haja confiança entre quem filma e quem surfa.

Essa é a marca de Logan: ele não dirige, ele conecta. Os surfistas confiam nele a ponto de guardar suas melhores ondas fora da internet para aparecerem no filme. Ele retribui fazendo dessas seções o auge da temporada. E é dessa relação que nasceram as sequências mais insanas de nomes como Mason Ho, Parker Coffin, Benji Brand, Clay Marzo, Jack Robinson. E agora, no novo filme, também dos brasileiros Yago Dora, Mateus Herdy, Victor Bernardo e dos groms Arthur Vilar e Vini Palma.

Mateus Herdy surfando em Snapt 5Mateus Herdy em Snapt 5

23 anos depois, o capítulo final

Duas décadas depois, chega o quinto e último capítulo da série: Snapt 5. Não o fim de um estilo, mas o fechamento de um ciclo que atravessou gerações e resistiu à era dos conteúdos rápidos. Um lembrete de que o cinema de surf ainda é uma experiência coletiva: seja dividindo a emoção com a galera diante de um telão ou com os amigos na sala de casa instigando a fissura para a próxima queda.

E é justamente essa experiência que volta ao Brasil em outubro, em uma turnê de exibições organizada pelo Floripa Film Fest com apoio de mídia Flamboiar. O filme será exibido em São Paulo (23/10), Florianópolis (24/10) e Praia Brava de Itajaí (25/10), com presença do diretor Logan Dulien e do brasileiro Mateus Herdy, que faz parte do elenco do filme.

A turnê é idealização de Bruno Zanin, filmmaker que também acredita no valor de assistir o surf do jeito certo: na tela grande, entre amigos, sentindo a emoção coletiva como catarse quando a expressão do melhor surf encontra a melhor trilha em sessões icônicas que definem gerações de surfistas ao redor do mundo.

Snapt 5 não é apenas mais um filme. É um lembrete de por que os filmes de surf existem: alimentar a nossa infinita vontade de surfar.

Onde assistir:

SNAPT 5 | Brasil Premiere Tour

São Paulo | 23/10 |  Backyard Vila Madalena a partir das 19h

Florianópolis | 24/10 | Layback Oka

Praia Brava | 25/10 | At Home

cartaz Snapt 5 brasil premiere tour