Na semana passada, em sua eterna saga provocativa, o jornalista Chas Smith publicou no Beach Grit um recente achado seu no livro de regras da WSL (WSL Rule Book) – o Artigo 189,  que determina que nenhum indivíduo vinculado àqueles termos deve se envolver em condutas que possam causar dano à imagem do esporte surf. O texto explica ainda que, para fins daquele artigo, “dano à imagem do esporte surf” é definido como qualquer ato, independente de tempo ou local, que coloque o esporte do surf ou a WSL sob luz negativa, incluindo qualquer comentário ou transmissão feita em contas de mídias sociais que sejam de responsabilidade do surfista.

Isso significa que, para participar das competições da WSL, qualquer surfista deve abdicar de expressar qualquer opinião que possa conter um tom mais crítico não só à WSL, mas ao surf em geral, sob pena de receber multa que pode variar de 1 mil a 50 mil dólares, podendo ainda sofrer suspensão e expulsão do circuito. Trocando em miúdos, é um “shhhh! cala essa boquinha” pros surfistas que competem profissionalmente nos circuitos da WSL, que, no caso, são os únicos disponíveis, portanto, não necessariamente uma opção pra quem decidiu seguir carreira no surf profissional.

Apesar de não ser nenhuma nova regra introduzida recentemente, só agora o Artigo 189 veio à tona. Até hoje essa regra, que existia desde os tempos de ASP (Association of Surfing Professionals), foi aplicada em pelo menos cinco ocasiões. Entre elas, na memorável entrevista de Bobby Martinez, e também quando Gabriel Medina discordou publicamente do resultado de uma bateria. Isso faz entender o motivo pelo qual talvez não haja uma expressão mais significativa dos surfistas profissionais em relação às suas opiniões sobre o surf – assunto em torno do qual, em resumo, gira suas próprias vidas.

Vale nos questionarmos sobre o quanto isso impacta no surf que assistimos, vivemos e praticamos? Siiiim! Por isso, esse episódio do Surf de Mesa passeia não só pelos significados de uma regra como essa existir em um código de conduta que o surfista é compelido a aceitar, como pelos limites relacionados aos direitos do surfista e da empresa WSL, e pelos reflexos práticos que isso representa pro surf como o conhecemos.

Dá o play e opina com a gente, que aqui todo mundo pode pensar, falar e criticar o que quiser…

Além do Spotify, você também pode ouvir o Surf de Mesa nas plataformas iTunes e Spreaker.