Surf de foil em Nazaré

Vinnicius Martins fala sobre a cena de foil em Nazaré e explica as diferenças do foil surf em ondas grandes.

Esta é a segunda temporada de Vinni Martins em Nazaré. Campeão Sulamericano de Wing Foil e mundial de SUP Race, o surfista está levando o foil para dentro da Praia do Norte, onde rolam as ondas gigantes.

O pico, reconhecido pelas avalanches em frente ao cliff e pelos 3 últimos recordes de maiores ondas já surfadas no mundo, tem sido destino obrigatório de quem busca os limites do surf. E Vinni está fazendo isso de foil board.

Por não ter o atrito da prancha com a superfície da água, o foil evita os bumps. Assim, a trajetória pela onda se torna mais limpa, muito mais veloz e extremamente sensível.

Ele estima que já tenha chegado a mais de 70 km/h na maior onda que surfou até agora, com cerca de 8 vezes sua altura.

Já a maior sensibilidade tem a ver com uma terceira dimensão que o foil adiciona aos controles já conhecidos no surf: o pitch, na linguagem da aviação.

PITCH

Trata-se do controle do ângulo entre o horizonte e o eixo longitudinal, nesse caso, da prancha. E é justamente isso que, na opinião de Vinni, exige ainda mais presença do surfista do que as ondas gigantes já exigem por si só.

“Você está tão concentrado, que parece uma meditação. Não existe nada além daquilo que você está vivendo. Você não está pensando nem um segundo depois, nem um segundo antes.”

Vinni Martins

Quanto ao equipamento, é recomendada uma prancha pequena e mais fina, mas a principal diferença para surfar ondas grandes está na:

ASA

Quanto mais fino o foil, melhor. Com menos área, é um foil que gera menos lift, e, assim, só funciona em alta velocidade.

Já os protocolos de segurança são os mesmos do surf com prancha normal, assim como a entrada na onda, sempre de town in. Vinni destaca a importância da equipe, lembrando que o surf de ondas gigantes não é um esporte individual.

“(No surf de onda grande), o surfar é apenas um detalhe. Tem toda a pilotagem, e o resgate com foil é bem mais difícil”, explica. Para entender qual a melhor forma de encaixar o foil no sled do jet sky foi preciso muito teste antes de cair em Nazaré.

A rápida evolução do equipamento permitiu agora algo que Vinni não havia conseguido na temporada passada: ser o primeiro surfista a surfar Nazaré de wing foil.

“Hoje ainda é mais difícil surfar Nazaré gigante de foil do que com pranchas normais, mas isso pode mudar na medida em que o equipamento evolui.”

Laid Hamilton, precursor do foil, surfou Nazaré de foil pela primeira vez em 2020. Kai Lenny também tem testado foil em ondas maiores, tanto em Nazaré quanto em Jaws. Mas a cena ainda é bem inicial. Nessa temporada, além de Vinni e sua equipe, somente outra dupla, de franceses, também está testando foil em Nazaré.

“O foil é tão eficiente e está evoluindo tão rápido que no futuro poderá ser até melhor para surfar onda gigante do que a prancha de surf normal.”

Vinni Martins

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(Imagens: Reprodução/Arquivo pessoal)