série eco

O raspador de parafina que transforma lixo em atitude socioambiental

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Fim de tarde, depois de aproveitar um belo dia de praia, o amigo levanta, fecha a cadeira e vai deixando para trás as latinhas de cerveja jogadas na areia até que ouve o apito. É Lucas,  guarda-vidas temporário, dando o toque de que as latinhas não podem ficar. Afinal, um dos deveres do guarda-vidas também é dar o exemplo, assumindo atitudes ecologicamente corretas.

"Eu vivencio quatro meses e meio, que é a nossa temporada aqui no Sul, todos os dias na beira de praia a transformação quando ela abre e quando ela fecha. Uso meu apito para salvar pessoas dentro do mar. E muitas vezes tenho que também alertar as pessoas sobre o resíduo."

Lucas Rheinheimer, além de ter assumido o posto de guarda-vidas temporário nas últimas temporadas, é publicitário e o idealizador por trás do RaspeBem, projeto socioambiental que já transformou 47 toneladas de resíduos de plásticos duros em raspadores de parafina.

O projeto começou há oito anos, quando Lucas, morando em Imbé, litoral norte do Rio Grande do Sul, estado com a maior extensão de areia do mundo, começou a se incomodar e fazer coletas em alguns daqueles quase 600 quilômetros de areia.

Conforme ia coletando mais e mais, foi percebendo que alguns tipos de resíduos poderiam ser reutilizados como matéria-prima para desenvolver outros produtos dentro da economia circular.

Como publicitário, vinha estudando upcycle e recycle e surgiu a oportunidade de fazer um raspador pensado para solucionar a dificuldade de remover a parafina que endurece muito no clima gelado do Sul.

A matriz de design desenvolvida em conjunto com um parceiro teve origem em pente de cabelos para ambidestro e tem linhas baseadas na biomimética, uma área da ciência que estuda as estruturas biológicas.

"RaspeBem é uma semente de conscientização."

Mais do que um produto que soluciona ergonomicamente um problema enfrentado pelos surfistas, Lucas explica que a preocupação sempre foi a de gerar impacto na ponta, conscientizando as pessoas.

Recolhe, armazena, garimpa, separa por cores e esmerilha, leva a alta temperatura e coloca na forma para gerar o raspador. Esse é o processo básico para a criação dos raspadores da RaspeBem. Mas Lucas explica que está sempre fazendo "novas alquimias" com outros resíduos. Portanto, nenhum RaspeBem é igual ao outro. Cada um é único em cor e composição.

Além do impacto ambiental, a RaspeBem construiu ao seu redor ainda uma cadeia de valorização social dos catadores, pagando pelos resíduos acima do valor pago pelas cooperativas, se envolvendo na  história destes trabalhadores e estimulando a dignificação da atividade.

Lucas, a esposa Jeniffer, e Olívia, já seguindo os passos da consciência ambiental dos pais, têm ao seu redor uma rede de parceiros, entre especialistas, organizações e muitos colaboradores na coleta de resíduos.

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Fotos: RaspeBem

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