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Piscinas de ondas: do sonho à realidade

Como as piscinas de ondas surgiram, lá no início do século XX, e recentemente se espalharam pelo mundo

Quando se fala em onda perfeita, o que vem à mente é vento terral, mar cristalino e tubos abrindo para os dois lados. Mas ao longo do último século, a tecnologia levou o surf também para longe da praia, com as piscinas de ondas. Apesar de terem se consolidado somente nos últimos anos, a ideia de criar ondas artificiais não é nova.

O primeiro a criar ondulação artificial foi o rei Ludwig II da Baviera em 1870 na sua Gruta de Vênus, um labirinto subterrâneo por onde ele passeava com um barco dourado para relaxar ao som das ondas. Este e outros projetos excêntricos lhe renderam o apelido de Mad King (Rei Louco em inglês).

No início do século XX, algumas piscinas com ondas foram construídas na Europa, mas não era feitas exatamente para surfar. Em 1966, o Japão deu um passo à frente com a Summerland, que mirou em ondas surfáveis, mas acertou no Piscinão de Ramos com água clorada.

Foi só no final do século XX e começo do XXI que as coisas começaram a esquentar. Um dos grandes marcos veio em 2001, com a inauguração do Typhoon Lagoon da Disney, na Flórida. Essa piscina já conseguia gerar ondas para surfar, mas ainda estava longe do que sonhavam os surfistas sem mar mundo afora.

Foi em 2011 que a empresa espanhola Wavegarden revolucionou o setor com uma tecnologia inovadora de geração de ondas, finalmente formando ondas perfeitas para surfar em alta performance e levando à criação de parques de surf pelo mundo, como o Surf Snowdonia no País de Gales, inaugurado em 2015.

Mas o grande estouro veio no final de 2015, quando Kelly Slater anunciou o Surf Ranch, sua própria piscina de ondas criada pela Kelly Slater Wave Company (KSWC), que conseguiu produzir ondas longas e tubulares muito parecidas com as do oceano. Foi um divisor de águas e inspirou a construção de outros parques incríveis, como The Wave em Bristol e URBNSURF em Melbourne.

No Brasil, a primeira piscina de ondas, Praia da Grama, foi inaugurada em 2021 em Itupeva/SP com a tecnologia Wavegarden. Atualmente, existem três piscinas em funcionamento no país e alguns projetos em construção com lançamentos previstos para os próximos anos.

Praia da Grama | Itupeva/SP Surfland | Garopaba/SC Boa Vista Village | Porto Feliz/SP

Surf Center | Curitiba/PR, São Paulo capital e Ribeirão Preto/SP

Ilhas de Atibaia | Atibaia/SP Reserva Beach Club | Alphaville/SP

Brasil Surf Club | Rio de Janeiro e Região dos Lagos/RJ

Inzuma Resort | Aracaju/SE

PISCINAS DE ONDAS NO BRASIL

Em atividade

Em construção

Beyond The Club | São Paulo capital São Paulo Surf Club | São Paulo capital

Hoje são diversas piscinas gerando ondas no mundo com diferentes tecnologias. Mas a Surf Lakes, na Austrália, se destaca quando o assunto é visual distópico. Poderia ser um cenário de Mad Max. Nela, um enorme pistão metálico move a superfície da água para gerar ondulações que criam 5 tipos de ondas simultâneas. Da marola manobrável ao tubo mais quadrado, é como um buffet de ondas com vista para uma obra de arte steampunk.

Competições e piscinas de onda fazem um casamento quase perfeito. O primeiro evento do circuito mundial em ondas artificiais aconteceu em 1985 na Allentown Wave Pool, nos Estados Unidos. O australiano Tom Carroll fez história ao vencer a competição, mostrando que as piscinas poderiam ser um palco legítimo para disputas de alto nível.

O brasileiro Fábio Gouveia foi bicampeão do evento que a ASP (antigo nome da WSL) fazia na década de 1990 no Seagaia Ocean Dome, uma das maiores piscinas de ondas artificiais do mundo, localizada em Miyazaki, Japão. Inaugurada em 1993, o Ocean Dome tinha teto retrátil, podia gerar ondas perfeitas de até um metro e fechou em 2007 devido aos altos custos operacionais e mudanças no turismo local, mas continua sendo um marco na história das ondas artificiais.

A primeira etapa do CT da WSL em uma piscina rolou em 2021 no Surf Ranch, em Lemoore, Califórnia, com vitória de Filipe Toledo, que dominou as ondas perfeitas em uma velocidade absurda. Parecia videogame. No feminino, quem venceu foi a havaiana Carissa Moore, consolidando sua posição como uma das maiores surfistas da história. A etapa dividiu opiniões entre fãs que acharam a perfeição artificial um tédio e outros que vibraram com o sucesso brazuca.

Agora a mais nova piscina com tecnologia KSWC terá sua estreia no CT, marcando ainda a primeira etapa da história no Oriente Médio. A 2ª parada do CT de 2025 acontece de 14 a 16 de fevereiro na Surf Abu Dhabi, a primeira piscina de ondas do mundo com água salgada. Localizada entre o deserto e o mar na Ilha Hudayriyat, com estrutura de primeira linha e os arracéus de Dubai como cenário fazem desta a etapa mais luxuosa do tour.

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tipo mídia de surf, só que mais legal

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Fotos: World Surf League nas telas 1, 13 e 14 | Rapha Tognini/Flamboiar na tela 8