Rob Machado e Tyler Warren lançaram dois vídeos recentemente. Machado está em Bali, entubando e rasgando longas esquerdas com a classe e fluidez de sempre. Warren está em San Onofre, templo do longboard clássico, pendurado no bico com elegância durante o pôr do sol.

Publicado há algumas semanas, o clipe protagonizado pelo longboarder californiano, chamado “California Gold”, saiu no Vimeo da Mollusk Surf Shop (loja que é uma mistura de antiquário com butique hipster da mais alta qualidade). A direção do filme é de Jack Coleman, que assim como Warren, é da Califórnia e exaltado pela mídia americana como um bon vivant analógico, talentoso e bucólico.

O vídeo é simples, bem feito e direto. Surfe de altíssima qualidade. Em três minutos e meio, Warren mostra que sabe pilotar uma 9’7” e uma fish com a mesma graça. Algo que pouquíssimos bons surfistas sabem fazer.

O outro vídeo mostra o surfe polido do herói de todos os goofie footers magrelos e cabeludos nascidos entre as décadas de 80 e 90. Sim, Rob Machado. Aquele que perdeu uma semifinal homem a homem no Pipe Masters, mas mesmo assim deu um high-five no adversário (Kelly Slater) depois de sair do tubo.

Machado parece estar em plena forma. Estilo irretocável, manobras conectadas por uma linha só e demonstrações de técnicas tubulares precisas. O cara pega muito. E tem 42 anos, pode isso Arnaldo?

Este filme faz parte de uma série chamada Trough The Lens, que retrata as andanças do eterno moleque cabeludo pelo mundo.

Tanto Machado quanto Warren têm talento de sobra para seguir qualquer caminho dentro do surfe. Mas, como músicos, expressam o que sabem fazer de forma autoral. Eles têm trajetórias diferentes, mas hoje se apresentam ao público de uma forma mais artística do que esportiva.

Ao invés de colocar seu talento a prova em competições, ambos se apresentam através da arte, nesse caso em filmes. Como fazem, salvo as devidas proporções, músicos e artistas.

Fico imaginando como seria se as competições de surfe nunca tivessem tomado conta do nosso esporte. É uma hipótese absurda, eu sei. Mas parte de mim acredita que grandes surfistas são até mais relevantes fora das baterias.