Fernando, o Pessoa, não foi surfista. Mas deve ter pensado no assunto quando escreveu “onda, que enrolada, tornas, pequena, ao mar que te trouxe e ao retornar te transtornas, como se o mar nada fosse”.

Ar em movimento. Toda onda nasce de um sopro. Se divino ou não, cabe a cada um decidir. Colisão entre moléculas. Transferência de energia. Quanto maior a duração e a intensidade do vento, maior a chance do tão sonhado swell tomar corpo e continuar seu caminho. Depois de longa viagem, a forma se define pelo atrito com o fundo e a partir daí, quando a onda quebra, o que era apenas um passeio da energia, passa a transportar a matéria. E deslizamos fascinados sem pensar em nada disso.